segunda-feira, 6 de maio de 2013

Lab Sixtyone

Fotografia do Facebook de Lab Sixtyone

Neste Cabeleireiro, em Miguel Bombarda, encontramos a junção do contemporâneo com o antigo. A Rua Miguel Bombarda tem o nome de um importante médico, cientista, professor e político republicano português que nasceu em 1851 e formou-se na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, tendo defendido a Tese sobre o Delírio das Perseguições. Iniciou a sua carreira política em 1908 como deputado adstrito a Ferreira do Amaral, então presidente do Conselho; fundou, em 1901, a Junta Liberal e foi membro de um Comité Revolucionário em 1909. De tendências Liberais e anticlericais, declarou-se abertamente republicano, começando a colaborar nos planos para acabar com a Monarquia. No dia da Revolução, a 3 de Outubro de 1910, foi assassinado no seu gabinete médico por um doente mental.

Existe, nesta rua, Galerias de Arte, Salões de Chá e Restaurantes. Mas a Lab Sixtyone distingue-se pelo seu conceito inovador e ímpar. Abriu portas no Verão de 2012 quando Josie Georgina, londrina, se apaixonou pela Rua Miguel Bombarda. O conceito Cosmopolita do espaço mostra as viagens que Josie fez pelo mundo. A sua decoração futurista, um estilo londrino, caraterística Soho, combina em perfeição com os espelhos e cadeiras antigas, restaurados e pintados a prateado.

O que chama de imediato à atenção no cabeleireiro é o robusto e grandioso candeeiro, ao centro, feito pelo Arquiteto Valentim Quaresma que ajudou na restauração e recuperação do espaço, assim como a Arquiteta Ana Luísa Paulo.

O nome do Salão deriva do número da porta (61) e One representa "novos começos". É um ótimo lugar e o serviço favorece, sem dúvida, a imagem de cada cliente, tornando-os irreverentes.

É assim, desta forma, que não se esquecem as origens de uma profissão, os seus artefactos antigos e se dá continuidade àquilo que não deve ser abandonado, a tradição. O que é de louvar!

O contato do Facebook da Lab Sixtyone é: https://www.facebook.com/Labsixtyone. Nesta plataforma podem encontrar mais fotografias e mais informações sobre eventos que lá se realizam.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Barbearia Tinoco, Barbearia de Gerações



No arruamento da Freguesia de Santo Ildefonso, da Cidade do Porto, e que homenageia Bernardo de Sá Nogueira Figueiredo, homem notável das Guerras Liberais, nomeadamente do Cerco do Porto, encontra-se a Oficina do Cabelo. A Guerra Liberal aqui em causa foi travada entre Liberais e Constitucionalistas e durou entre 1828 e 1834. Em discussão estava o respeito pelas normas de sucessão ao trono português devido à decisão das Cortes de 1828 que aclamaram D. Miguel I como rei de Portugal.

Este espaço já passou por quatro gerações sendo que a Barbearia Tinoco - primeira geração - já ninguém tem para contar história mas, compreende-se que o seu ano de fundação foi em 1930. Sabe-se, também, que o lugar foi construído em 1916 pelo Arquiteto Marquês da Silva em ART DECO - movimento popular internacional de design que durou entre 1925 e 1939 - e faz parte do Património da Cidade do Porto.

A segunda geração mudou o nome para "Cabeleireiro Sousa" de José da silva Sousa, de 69 anos, outrora Barbeiro da Força Aérea Portuguesa do Ultramar. Clotilde Sousa, funcionária do Sr. José, testemunhou a decadência da tão querida Baixa do Porto quando tomou conta do negócio do antigo patrão. Queixa-se do mesmo mal do Sr. Marinho, da Barbearia Porto: "desde as obras, o estacionamento deixou de existir e o negócio piorou". A terceira geração veio revolucionar o Espaço com a "Oficina do Cabelo", os seus penteados revolucionários e 
extravagantes.

Atualmente é um Salão Unissexo mas, mais virado para o sexo feminino. A proprietária informou-me que a superfície foi palco de muitos trabalhos de moda feitos pela geração anterior e por outras pessoas, nomeadamente estudantes de Letras e de Decoração de Interiores devido à sua história e decoração que é uma mistura de vários estilos - ecletismo - e movimentos do início do Século XX como Futurismo, Construtivismo, Cubismo e Modernismo. 

Todos os dias há turistas que entram no atual Cabeleireiro "As primeiras mulheres Barbeiras do Porto" para tirarem fotografias e admirarem a sua Art Deco.

Apesar de já terem passado pelo espaço quatro gerações distintas, a decoração manteve-se a mesma.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Barbearia Porto


Ao contrário das outras Barbearias que já retratei, esta já foi alvo de uma reportagem da RTP no que respeita ao tempo que está aberta (http://videos.sapo.pt/aIiAz7dU0uNlYVmh3UPl). E é por este motivo que não irei escrever sobre a sua história pois já houve quem o fez e bem mas, poderei falar daquilo que já foi dito por outros para sair da reta que sigo neste Blog.

Não tão importante como as outras, a Barbearia Porto situa-se onde outrora foi a Travessa da Praça da Liberdade, a Rua Doutor Artur Magalhães Basto e, segundo a reportagem está aberta há 40 anos. Todavia, após várias pesquisas e contatos, posso afirmar que a RTP cometeu uma não verdade ao dizer que é a barbearia mais antiga do Porto pois, como já foi aqui escrito, há barbearias na cidade menos conhecidas mas, com mais anos de existência do que esta barbearia.

Embora não seja a Barbearia mais antiga do Porto, é, sem dúvida, uma Barbearia importante para os portuenses e, sobretudo, para aqueles que são portistas, uma vez que glorifica o Futebol Clube do Porto.
As opções clubísticas não ficam à porta. A decoração, pensada pelo Sr. Marinho desde que tomou conta do espaço à 30 anos, glorifica a cor azul e o Futebol Clube do Porto: "pus espelhos novos, mudei a porta para inox e renovei os móveis. Gosto mais assim, é moderno".


Não está arrependido do caminho que tomou nem de ter ficado com a "Barbearia Azul", como lhe chama. Lamenta o facto de, ao final de cada mês, haver um buraco nas contas. Aí culpa as obras feitas na Avenida dos Aliados pois agora, os seus fregueses, "não têm onde deixar o carro e não querem gastar mais dinheiro nos parques de estacionamento".
Esta Barbearia apareceu na sua vida quando o seu antigo patrão o foi buscar à Barbearia Batalha com 14 anos. Lembra: " nessa altura quem era bom, era chamado para as barbearias mais populares do centro da cidade. Sabe, menina, nós vínhamos do campo para conhecer e ficar na cidade que era outro sítio, diferente. (...) No início, éramos sete  homens aqui a trabalhar. Isto antes do 25 de Abril. Depois passamos a seis, incluindo uma manicura que não trabalha direito e, então, mandei-a embora."